O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) ainda não foi contactado sobre os seus protestos contra o aumento dos custos de matrícula nas universidades, disse o secretário executivo do movimento, Miguel Quimbenze.
Recentemente o movimento tentou levar a cabo uma manifestação em Luanda contra o aumento das taxas e propinas cobradas pelas universidades.
A polícia impediu a marcha naquilo que Quimbenze disse ser uma clara violação dos direitos constitucionais dos cidadãos.
O movimento tinha informado as autoridades da sua intenção de se manifestar, tal como requerido pela lei, disse o líder do MEA.
Após isso, o Ministério do Ensino Superior anunciou que se ia reunir com universidades e associações de estudantes para abordar os valores de taxas, emolumentos e propinas cobrados pelas instituições.
Falando no programa “Angola Fala Só”, Quimbenze disse saber que o ministro se tinha reunido “com a reitoria de algumas universidades” e que teriam chegado a um consenso que “as taxas de emolumentos e as propinas não deviam ser aumentadas”.
Um documento deverá ser aprovado pelo ministério das finanças para regulamentar e uniformizar as propinas e taxas, mas a sua organização não recebeu “qualquer notificação”.
“Estamos à espera”, disse Qimbenze que pôs de parte a possibilidade dos estudantes aceitarem qualquer aumento.
“Pelo contrário, o ministério tem é que reduzir (...) a nossa luta é a sua redução e uniformização”, disse Quimbeze realçando que entre os estudantes há muito cepticismo quanto ao que o governo vai decidir.
“Se por ventura houver aumento posso dizer que entre 70% e 80% dos estudantes vão anular o ano académico,” por não poderem suportar os custos, acrescentou.
Um ouvinte disse que face ao aumento do custo de vida em Angola é irrealista pensar que as universidades podem impedir o aumento dos custos de matrícula, tendo em conta não só os custos operacionais, mas também os salários dos professores que têm que aumentar.
Quimbenze rejeitou este argumento afirmando que “não é o estudante que tem que pagar a inflação”.
“Isso é responsabilidade do estado,” afirmou.
Outro ouvinte falou sobre a qualidade de ensino em Angola e o dirigente do MEA disse haver uma crise de qualidade a todos os níveis.
“Não há qualidade de ensino, quer no ensino gera,l quer no superior; por isso é que temos a sociedade que temos,” disse.
O dirigente do MEA criticou a proliferação de escolas privadas que não têm padrões de qualidade, o que conisderou uma das causas do fraco nível de ensino em Angola.
Para Quimbenze o ensino em Angola “está mercantilizado”.
“Hoje em Angola há comércio de educação”, acrescentou.
O dirigente do MEA referiu-se também às estatísticas oficiais sobre o número de estudantes, que tal como os relatórios do governos, deverão ser questionadas.
Essas estatísticas, disse, indicam haver uma preocupação “com a quantidade não com a qualidade” e isso, disse, “não é bom”.
Em resposta a um ouvinte, Quimbenze clarificou que os dirigentes da sua organização “não pertencem a nenhum partido político”.
Ele explicou que nenhum dos membros da direcção do MEA pode ter participação activa num partido político, pois o MEA quer que as suas opiniões sejam “apartidárias” e tenham como objectivo apenas a defesa dos interesses dos estudantes.