Num grande comício realizado na capital indiana, os principais líderes de uma aliança da oposição acusaram o primeiro-ministro Narendra Modi e o seu partido no poder, Bharatiya Janata (BJP), de minar a democracia ao intimidar e prender rivais políticos.
O comício “Salve a Democracia” ocorreu no domingo em Nova Delhi, enquanto a Índia caminha para uma eleição geral faseada marcada para começar em 19 de abril.
O mesmo é realizado dias após a prisão de um importante líder da oposição, o ministro-chefe de Delhi, Arvind Kejriwal por acusações de corrupção na concessão de licenças para bebidas alcoólicas. Kejriwal é um crítico ferrenho de Modi.
Os líderes da aliança ÍNDIA, formada por cerca de duas dúzias de partidos da oposição, criticaram Modi, dizendo que ele a eliminar a oposição ao usar agências federais para atacar os seus líderes com investigações de corrupção e paralisar a sua capacidade de fazer campanha contra o BJP.
“Os líderes da oposição estão a ser intimidados e presos – isto é manipulação de resultados”, disse o líder do principal partido da oposição, Rahul Gandhi.
"Esta não é uma eleição comum. Esta eleição é para salvar o país, proteger a nossa constituição", disse Gandhi à enorme multidão.
Ele disse que se o BJP vencer as eleições, “isso colocará fogo no país”.
O BJP disse que nega ter como alvo funcionários da oposição.
Terceiro mandato
Antes de Kejriwal ser detido no início de Março, outro ministro-chefe foi preso sob acusações de corrupção em Janeiro.
Entretanto, o Partido do Congresso acusou o governo de “terrorismo fiscal”, dizendo que as suas contas bancárias foram congeladas pelo departamento fiscal, deixando-o sem fundos para conduzir a sua campanha eleitoral.
Os líderes da oposição também acusaram o governo Modi de minar as instituições democráticas.
"O país caminha para a autocracia. Este governo de um homem só está levando o país à ruína", disse outro líder da oposição do partido Shiv Sena, Uddhav Thackeray.
A manifestação de domingo foi a primeira grande demonstração de solidariedade da aliança ÍNDIA que foi formada no ano passado para lutar conjuntamente contra Modi, que se espera que ganhe um terceiro mandato.
Muitos dos partidos da aliança são rivais regionais e têm lutado nos últimos meses para se unirem numa plataforma comum, levantando questões sobre a sua capacidade de combater o BJP.
Analistas políticos disseram que os partidos formaram uma frente unida no comício de domingo.
Nacionalismo hindu
“A manifestação foi bastante bem-sucedida, mas é muito difícil dizer qual será a sua resposta no terreno e se as pessoas começarão a olhar para uma alternativa que não seja impulsionada pela ideologia nacionalista hindu do BJP e não tão centrada no personalidade de Modi”, disse o analista político Nilanjan Mukhopadhyay.
No mesmo dia do comício da oposição, o primeiro-ministro Modi lançou a campanha eleitoral do seu partido na cidade de Meerut, em Uttar Pradesh, um estado de enorme importância que vota 80 legisladores ao parlamento.
Acusando governos anteriores de corrupção, ele disse que a sua luta contra a corrupção continuará. “Modi não será parado. Ações serão tomadas contra todos os políticos corruptos”, disse ele.
Modi disse que o seu governo tirou 250 milhões de pessoas da pobreza e que está a acelerar o desenvolvimento económico do país. “As eleições de 2024 não são apenas para um novo governo, mas para tornar a Índia um país desenvolvido”, disse ele.
Analistas dizem que Modi construiu seu apelo sobre uma plataforma de nacionalismo hindu musculoso e uma série de programas de bem-estar, como financiamento federal para construção de banheiros e casas para milhões de pessoas pobres.
“Modi é claramente o líder, é o que mostram todas as pesquisas até agora. Mas, ao mesmo tempo, não irei considerar o processo fechado até que o último voto seja contado, porque as eleições indianas podem trazer surpresas”, disse Mukhopadhyay.
Fórum